sexta-feira, 11 de março de 2011

Dos meus contos sem sentido

Ele suspirou. Eram quase sete da noite e a faculdade tinha sido puxada. Sentia-se extremamente cansado e o ônibus parecia nunca chegar. Queria gritar só de pensar na quantidade de coisas que teria de estudar quando chegasse em casa.Para piorar tudo, começou a chover. O ponto estava tão cheio que preferiu molhar-se a ter que competir pelo minúsculo espaço coberto. Passou a mão pelo cabelo encharcado e trocou o peso de um pé para o outro uma ou duas vezes. Fechou os olhos por um segundo e finalmente avistou o ônibus no começo da rua quando os abriu.Fez sinal para o motorista. O homem ignorou-o e passou direto, parando alguns metros adiante. Praguejou baixinho enquanto alcançava o veículo. Olhou ao redor e viu uma garota do outro lado da rua.Ela deveria ter no máximo um ano a menos que ele, e seu desespero para voltar para casa era quase palpável. Não parece se importar com a chuva, no entanto - chegou rindo e espanando a água dos cabelos escuros para todos os lados.- Não vai passar? - perguntou com aquela voz de quem está quase sempre feliz.Ele ficou sem graça - só agora percebia que estivera parado encarando-a. Deu-lhe um sorriso de desculpas evitando seus olhos, e se apressou para sentar. Segundos depois ela estava ao seu lado.Trazia o mesmo sorriso despreocupado de antes. Estava ainda mais encharcada que ele e sua blusa clara estava semi-transparente. Ela a cobriu com um casaco cor de laranja tão molhado quanto o resto de suas roupas e puxou um assunto qualquer sem aparentar nenhum constrangimento.Perderam-se nas palavras um do outro. Estudavam na mesma faculdade, mas nunca tinham se visto antes. Ele cursava física, ela psicologia. Ambos amavam Beatles e detestavam blues. Ela idolatrava Bob Marley, ele odiava. Moravam na mesma rua.Desceram do ônibus rindo de qualquer coisa. A chuva parara.Ela reclamou, ele achou ótimo. Ela fechou a cara e fez birra. Ele riu.Levou-a até a porta de casa. Marcaram de se ver outra vez no dia seguinte, e a partir daí nunca mais pararam.Alguns chamam isso de destino. Outros de acaso. Eu, particularmente, prefiro chamar deamor.

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